quarta-feira, 30 de maio de 2012

CANADÁ (3)

                        No bar daquela cidadezinha, além do inesperado desfile de meninas despindo-se em plena luz do dia, tivemos ensejo de conversar sobre temas relacionados ao nosso esporte.
                        Em 1985 o futsal brasileiro estava ainda afiliado a FIFUSA e não se cogitava em absoluto afiliar-se a FIFA. Os contatos que eu dispunha então eram de fácil acesso. Os dirigentes colocavam-se à disposição rapidamente, o que não ocorre hoje em dia, onde é impossivel dialogar, de forma objetiva, com os responsáveis da modalidade na FIFA.
                        O Mateus e seus dois companheiros eram os responsáveis máximos da modalidade, super interessados em difundi-la em um país onde o show ball profissional atendia os interesses comerciais dos mandatários do futebol de campo.  Atendia e atende até os dias de hoje.
                       O objetivo principal de Mateus era o de introduzir a modalidade entre a juventude e massificá-la. No final da tarde pude realizar nosso primeiro contato em quadra, em um treino onde conheci praticantes e esportistas de várias idades. Sentia-me sempre feliz em estar com gente que enxergava o esporte de forma nobre e idealista. A noite, dessa forma transcorreu, calma e suave, tranquila e muito agradável.

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terça-feira, 22 de maio de 2012

Canadá 2

    Levantei-me no dia seguinte com a ansiedade própria de um curioso hóspede em um lugar distinto aos habituais.  A acolhedora familia do Mateus já havia me preparado um bom breakfast, mas na verdade a fome não era vencida pela vontade de conhecer a pequenina Nanaimo e sua gente.
Passamos pelo posto de gasolina e observei que não havia nenhum funcionário para abastecer nosso carro observando ,então, o nosso amigo Mateus descer e realizar o trabalho. Parece algo comum nos dias atuais, mas isso em 1986 era realmente inusitado para meus olhos.
     A cidadezinha iluminada agora pela luz solar era observada mais detalhadamente, e um viajante atento procura enxergar duas coisas de uma só vez, pessoas, em primeiro lugar, outras curiosidades após  (esquinas, limpeza, bichos não humanos, etc)  Aquela sensação de ordem e tranquilidade penetrava em mim, realmente tudo certinho, pessoas educadas nos semáforos, ruas e lojas bem cuidadas, bares abertos com pessoas conversando nas mesinhas, realmente tudo refletia uma certa ordem silenciosa.
     Fomos então visitar e conhecer as pessoas que compunham a diretoria que era presidida pelo Mateus. Um a um visitamos a eles em seus postos de trabalho, um na escola, outro na pequenina fazenda onde plantava maçãs com vistas ao mar de onde se pescava o delicioso salmão da região.
     Na hora do almoço então, entre todos, nos reunimos em um dos poucos bares de Nanaimo e deparei-me com a primeira grande surpresa. Ao meio dia de uma segunda feira de trabalho, moças faziam strip tease utilizando um tubo que ia do chão ao teto e enroscavam-se ao som de uma musica suave e, digamos, inspiradora. Mirava os olhos das pessoas que viam aquilo, bebendo cerveja com naturalidade e frieza sem dizer nada. Aquele era um bar familiar, de verdade, daquela pequena vila.
     Na saida perguntei ao Mateus se aquilo era normal e fiquei imaginando a cena em plena praça da Sé em São Paulo. Realmente por essa surpresa não esperava.