terça-feira, 17 de abril de 2012

A charrete da Romenina

Sempre pelas manhãs frias do inverno europeu, Socorro levantava-se muito cedinho para chegar ao seu restaurante em Toledo (España) antecipadamente, com sobras de tempo para preparar os desayunos matinais aos clientes trabalhadores e madrugadores.
Eu sentia prazer em levantar-me cedo e na maioria das vezes estava ao lado daquele fidelíssimo amigo. Certa vez fomos surpreendidos com a chegada de alguns inusitados estrangeiros, humanos e não humanos, os quais jamais havíamos visto antes. Uma charrete super decorada, encantadora, transportada por um orgulhoso cavalo e um cachorro que se postava soberano na frente, observando com altivez o caminho a recorrer, aproximava-se.
Socorro e eu os vimos estacionar e caminhar em direção de seu negocio, um senhor de roupas simples e distintas presumindo alguém mais alem do Alentejo.

Deu um bom dia com sotaque estranho e apontou o que queria com o dedo indicador sugerindo um carajillo (conhaque com café) e um pedacinho de tortilla imediatamente servidos por Socorro. Sem nenhum afã, degustava calmamente aquele alimento e bebida com tranquilidade franciscana que seus amigos de fora e no frio começaram a impacientar-se relinchando e latindo como dizendo " você aí no quentinho e nós aqui " rsrsrsrsrs, " apresse-se ". A cada súplica de seu cavalo e cachorro, o senhor saía e em sua língua nativa falava e fazia um sinal com as mãos bem claros, que seria um “espere que já vou, poxa " rsrsrs.

Finalmente depois de muita insistência o homem acedeu e partiu. Atrás da charrete, uma palavra “ROMENIA”. Socorro, que adora animais, tanto quanto eu, cruzamos olhares sorridentes vimos aqueles personagens tão companheiros e amigos, desaparecerem de nossos olhos, mas não de nossas lembranças.
1 de maio de 2010

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