terça-feira, 17 de abril de 2012

Fito Figueiroa

Quando en el cielo pasen lista
A primeira vez que o conheci foi no sulamericano de Corrientes, Argentina. Raríssimas vezes o vi sem seus ternos habituais e principalmente aquela gravata de cor azul celeste que o identificava mais que nunca com o seu país de nascimento. Em 1975 Fito já era Presidente da Federação Uruguaya de Futebol de Salão alem de sempre haver exercido a profissão de jornalista em vários periódicos de Montevidéu. Foi o árbitro do jogo final no qual o Brasil conquistou o seu primeiro título internacional representado que foi por uma Seleção Cearense campeã nacional em Assuncion del Paraguay. Disputa esta muito comentada pois terminou antecipadamente com invasão e agressão ao arbitro da contenda, sendo o nosso amigo duramente agredido. Anos mais tarde conversei com Caca e Beto do Ceará sobre o ocorrido nessa decisão de 1969, relatando-me o sucedido e o profundo respeito que tinham pela atitude corajosa de Figueiroa ao validar o gol legal em um ambiente nada tranquilo. Realmente sua figura esbanjava dignidade e seu " saber estar " nas quadras, tornava-o um ser humano especial, com o dom de fazer com que qualquer pessoa se sentisse muito bem ao seu lado e passar horas apenas escutando-o. Amava o futebol de salão. Inclusive, era respeitado, até mesmo pelos próprios dirigentes salonistas páraguayos que mantinham com ele excelentes relações.
Logo no nosso primeiro jogo nos defrontamos contra a aguerrida equipe uruguaya. Houve nessa competição, ganha pelo Brasil, a maior batalha campal que pude presenciar em toda a minha vida, protagonizada pelas Seleções Uruguaya e Argentina e culminando com a entrada de ambulâncias dentro da quadra para recorrer os feridos. Os jogos posteriores os tivemos de jogar com a presença de militares do Batalhão de Exército da cidade de Corrientes.
Ao finalizar o jogo final contra a Seleção Paraguaya, no qual vencemos pela contagem mínima a uma excelente esquadra guarany, resolvi depois de uma breve comemoração no Hotel, sair e caminhar pelas ruas de Corrientes, cidade fronteiriça ao território paraguayo, com uma população de fortes traços indígenas. A área a qual conformava o centro mais movimentado daquele pequenino município era constituída apenas de três ou quatros quarteirões. O clima quente e seco obrigava os donos de bares a colocarem mesinhas onde aos clientes eram servidas as cervejas e os refrigerantes bem gelados. Recorrendo essas ' calles ' observei no lado oposto, um senhor de fisionomia não correntina, de terno e gravata azul. Era êle. Solitário entre um grupo de mesas vazias de um bar deveras modesto. Percebi quase por instinto o desejo de Dom Fito em desejar estar tranquilo depois de o campeonato haver-se consumado. De repente, volteou-se, fitou-me (trocadilho), alçou-se sorridente e com um sinal de braços convidou-me a cruzar a via e acercar-me em sua direção. Aproximei-me meio sem jeito, realmente com notória timidez e logo ao chegar fui parabenizado pelo título “incontestable”, dito por êle. " Acompañe a este viejo señor. Venga, no permitas que beba solo, sientate joven por favor. Que deseas beber?? " Una cerveza señor. Gracias por la invitacion "
Da primeira a última garrafa confesso que foram várias e a medida que a conversa prolongava-se, mais interessante tornava-se. Durante esse espaço de algumas horas surpreendeu-me sua visão sobre os distintos assuntos de nossa agradável tertulia. No lado esportivo disse-me algo em especial que o deixava bastante aflito e alvoroçado. O posicionamento do Presidente da FIFUSA daquela época, do Rio de Janeiro, diferente ao anterior Presidente que era de São Paulo, devido a um possível entendimento com a FIFA. Fito, como Presidente da Confederação Sulamericana de Futebol de Salão era frontalmente contra tal projeto. Lembro-me dizer “Ponga atencion mi joven. Ojala, le digo de corazon e con certeza absoluta, que el futbol de salon se quede siempre muy lejos de la FIFA ". A conversa foi derivando até que ao ser provocado por mim, perguntei-lhe sobre a situação política atual e o Movimento Tupamaro de contestação ao regime militar uruguayo. Relatou-me então sobre o duro que era sobreviver em seu país naqueles dias e que havia conhecido épocas bem melhores. Narrou-me que alguns dias anteriores ao início desse sulamericano, enquanto jantavam, um atleta foi abordado e levado pelo exército a um local desconhecido. Êle seguramente seria interrogado e sofreria, não se sabendo se retornaria ao convívio familiar ou não. Em seu trabalho de periodista era vítima de forte censura, inclusive havia infiltrações, informantes, dentro do próprio jornal, provocando desconfianças e medo entre colegas. “Eso es Horrible. Te hacen alejarse asta de lo mas cercano de los amigos ". Manifestou-me ele de que tanto a extrema esquerda e a extrema direita tinham exatamente os mesmos métodos: Censura, perseguição política, violência, tortura, etc.... Acreditava na liberdade e na soberania da decisão popular como pilares de qualquer sociedade civilizada. Não acreditava no comunismo russo, ou cubano ou chinês e tão pouco no capitalismo selvagem e sem escrúpulos morais. Lembro-me bem desta frase " O comunismo perderá a guerra tecnológica ".

O tempo voou e confesso não haver notado. Ele conversava colocando a emoção em evidencia, cativando a quem tivesse a felicidade de estar ao seu lado. Nos despedimos, nos dirigimos caminhando até o nosso hotel e ao chegar-mos a ele, deu-me um forte aperto de mão. “Gracias joven. Eres um buen joven y estoy absolutamente cierto que pronto nos veremos”. "Absolutamente cierto " ,mirando-me seriamente RSRSRS.

" A Primeira transmissão "
Ao retornar a São Paulo, comecei a receber correspondências escritas a mão por Dom fito, (ele me dizia rsrsrs que só fazia isso aos mais chegados rsrsrs ) incluindo nelas alguns recortes de jornais ( Mundocolor, El Diario, El País e outros ), com publicações sobre futsal e um resumo completo dos campeonatos uruguayos. Havia comentado com ele em Corrientes sobre a necessidade de impulsionar no Uruguay as categorias menores, a começar pelos juvenis ( até 18 anos completos ) para em um futuro relativamente próximo, pudéssemos ter naquele país, clubes com participação massiva em todas as categorias desde os 9 anos de idade.
Logo no ano seguinte, em 1986, me foi comunicado em uma correspondência da Federação Uruguaya, a realização para o final do ano de uma outra competição continental a ser realizada entre países da América do Sul, sendo esta sediada em Montevideo. Assim que quando me deram a notícia no Brasil já a sabia com antecipação de uns meses.
Fomos intensificando cartas e Don fito em uma delas dizia esperar que eu fosse convocado pela seleção brasileira para poder encontrar-se com o amigo brasileño e recebê-lo pessoalmente em sua cidade. Ao acercar-se a competição preparei alguns apontamentos para entregar-lhe em mãos contendo farto material relativo à organização das categorias menores da Federação Paulista de Futebol de Salão e uma camisola, como dizem os lusos, do glorioso São Paulo futebol clube, de Pedro Rocha, meia esquerda são paulino da época.
Durante o torneio, ocorreu um fato extremamente importante e inédito. Por primeira vez, a final entre brasileiros e uruguayos foi televisionada em direto do estrangeiro para o Brasil. Final esta muito comentada pela bonita exibição da equipe brasileira e alcançando níveis de audiência de transmissão surpreendentes, dito pelo locutor e apresentador do Esporte Espetacular da Rede Globo, umas horas depois do término da partida. Causou muita surpresa também, entre a mídia uruguaya, observar o interesse brasileiro por uma modalidade nascida na Associação Cristã de Jovens de Montevidéu, cujo criador, Juan Carlos Ceriani tive a oportunidade de conhecê-lo, anos mais tarde na mesma Montevideo.
”O Café "
Ao encerrar-se o torneio, depois do banho no próprio ginásio, conversei brevemente com Dom Fito nos corredores do Palacio Peñarol, marcando um encontro para após o almoço. A intenção era a de colocarmos nossos assuntos, já previamente encarrilhados pela troca continua de correspondência, em dia. Prometeu-me também mostrar-me um pouco de Montevideo através de um passeio rápido em sua mobilidade, se não me falhe a memória, Ford Falcon azul escuro. Era raro naqueles anos, ver pelas “calles” da capital uruguaya algum veículo relativamente novo. Abundavam automóveis de vinte, trinta e até 40 anos de uso e só aqueles muito aquinhoados possuíam um zero quilometro, ainda que fosse um modelo bem popular.
Dom fito, com pontualidade britânica, veio buscar-me para esse entretido momento de lazer. Dirigiu-se até o início da rambla e a recorremos com prazer até a praia de Carrasco, retornando pelo mesmo trajeto. Em seguida adentramos ao centro da cidade, onde se encontra a cidade velha. Escutava muito entretido todas indicações de Dom Fito, tudo o que o ouvido podia captar e o olho enxergar. Nenhuma rua ou avenida escapava da atenção de meu prezado amigo. Desde logo é muito bom conhecer um lugar através dos relatos de seus próprios habitantes, apenas eles conseguem perceber tanta beleza simples escondida em cada pedacinho de terreno.
Meu "cicerone", com dificuldade acentuada, rsrrs, estacionou seu Falcon de frente a um Café realmente antigo em tudo. Desde a decoração, mesas, copos, talheres, etc....até e principalmente o proprietário, clientes e os moços ( garçons ), senhores de muita idade, super educados e lentíssimos. Tão lentos que para moverem-se das mesas dos clientes ao balcão do bar tardavam idêntico tempo que um nadador de nível regular demorava para cruzar o Rio de La Plata em estilo "borboleta". Os fregueses daquele Café revelavam intimidade com o dono e os garçons. Eram casais idosos conversando baixinho, pausadamente, elegantemente trajados propiciando juntamente com uma suave musica ao fundo um ambiente apropriado para uma conversa tranqüila e produtiva.
Trocamos ideia, pareceres, orientações e ao final esboçamos para o futuro um projeto de desenvolvimento da modalidade desde a base, tendo como motor de arranque os juvenis. Pediu-me Dom fito, absoluto sigilo e disse-me que no ano seguinte colocaria o Treinador Nacional Rolando Muniz ( que nada sabia deste encontro )), em contato comigo para entre os três, darmos vida a um programa de metas trabalhoso mas perfeitamente alcançáveis. Fito acreditava muito na capacidade e dinamismo do selecionador escolhido por ele, mas preferia ter certeza de que iria mesmo eu a Montevideo para depois reunir-se com “Chopo Muniz”.
A Viagem
No final de 1977 e início de 1978 surgiu a oportunidade de estar em Montevideo por quase dois meses. Chopo já havia organizado toda a minha permanência dentro dos bons alojamentos do Club Banco Republica da calle Juan Benito Blanco. Agradabilíssimas dependências onde sentia-me muito a vontade. Rolando colocou todo o seu empenho no sentido de o mais rápido possível, por em funcionamento imediato o que havíamos programado com antecedência.
Como me referi anteriormente, o primeiro passo era o de bem organizar o escalão de 18 e 17 anos, para depois partirmos em direção aos mais pequenos, 16 e 15, 14 e 13 e assim por diante. Evidentemente o treinador Rolando aproveitava tudo o que essa experiência lhe proporcionava para também utilizá-la na equipe uruguaya adulta. Um aspecto básico do pré-estabelecido era de que após a composição do elenco de garotos, dedicar-se a viajar com eles ao Brasil e de forma continuada, apressando desta maneira nossa evolução técnica. Como complemento Muniz e eu, ministramos cursos práticos para treinadores de todos escalões, dentro e fora de Montevideo. Treinava eu como jogador onde me convidassem, mas com mais frequência no Club Banco Republica e cheguei a participar de alguns torneios internacionais por essa agremiação, o que de certa forma foi me abrindo portas ganhando amigos e simpatias. Minhas viagens a Montevideo passaram a serem mais frequentes e tanto Fito, Chopo e eu nos animávamos ainda mais vendo as coisas evoluírem a contento de todos. Chegou então a oportunidade de receber os juvenis "celestes" em São Paulo. Não tinha eu, em absoluto, vivencia na preparação que envolvia bem alojar e bem recepcionar uma delegação nacional, todavia, possuía ganas e excelentes amizades. Entre muitos, Reinaldo Di Cunto ( Buffet Di Cunto ), Wilson Faila ( Professor emérito com muitos contactos ), clube Parque da Mooca, a Regional da Mooca alem de familiares e mais colaboradores.
Tudo saiu otimamente bem, conseguimos bom ônibus para as deslocações a jogos e passeios, alem de bom alojamento no Ibirapuera, refeições adequadas e ambiente esportivo em quase todos os clubes nos quais a seleção uruguaya atuou. Realmente nunca imaginava que fosse tão trabalhoso e tão sério, ter a incumbência de cuidar bem de pessoas que vinham de tão longe. O esporte não deve, em hipótese nenhuma servir para dividir os povos deste mundo e certamente aqueles rapazes voltaram a seus lares sentindo o carinho da gente simples do Brasil.
Relativo Aprendizado
Meu período uruguayo foi produtivo mas um aprendizado a meias. Foram várias curtas viagens, como já sabem, onde minha permanência era algo cômoda. Não tinha eu preocupações com as tarefas do dia a dia, as quais vão polindo o espírito humano. Não cozinhava, pois comia no restaurante do clube, nem lavava, passava ou limpava salas, cozinhas, banheiros ou quartos. Um hóspede com certas regalias, assim que tive tão somente um conhecimento parcial do que significava estar só e depender integralmente de minha cabeça, tronco e membros.
Meu pensamento estava todo voltado ao meu trabalho e ao que acontecia ao redor dele. Chopo e eu dependíamos em quase todos os aspectos da liderança, dos contatos e principalmente da confiança que nos era proporcionada por Fito Figueiroa. Ele sempre dava um jeitinho, apesar do pouco tempo que possuía devido aos inúmeros afazeres seus, de acompanhar e estimular o que estava sucedendo no aspecto esportivo com sua comissão técnica.
Abro aqui uma janela, para poder ubica-los melhor também no ambiente sociopolítico que se vivia na Republica Oriental da época. Aquela conversa com Fito em Corrientes, Argentina, muito descontraída por sinal, jamais pude te-la livremente pelas ruas de Montevideo, apenas em residências particulares com pessoas entre si, muito confiáveis. Quando alguém comentava suas opiniões sobre os militares ou tupamaros, antes passavam uma vista de olhos para terem certeza de que não havia ninguém por perto. O interlocutor transmitia a este forasteiro norteño como eu ( como dizia Fito fitando-me em tom de brincadeira ), a sensação de pavor refletida em seus rostos pálidos de medo.
Devo aqui testemunhar, de forma mais sincera possível, que apesar de toda repulsa possível aos métodos militares, os tupamaros uruguayos ou Montoneros argentinos ou MR-19 colombiano ou sendero luminoso peruano, etc.... etc....estes não lograram obter o apoio popular necessário para fazer o povo ir as ruas a seu favor e de forma maciça. Bombas deixadas em automóveis ou em lugares públicos, sequestros, assassinatos indiscriminados onde até os guardas de transito ou de rua eram considerados inimigos ideológicos, ocasionaram um distanciamento entre esses movimentos e suas populações em geral. Lembro-me certa vez em Bogotá, da invasão do MR-19 ao prédio do Palácio da Justiça, no centro da capital colombiana. Encontrava-me eu a poucas quadras dali. Um tanque Urutu, fabricado pela fabricante brasileira Engesa, colocou abaixo a enorme porta do Palácio, momento este que saiu estampado em foto nos jornais de todo o mundo. Advogados com seus clientes muitos deles humildes, funcionários de limpeza ou da cozinha, guardas de segurança e até crianças acompanhando os pais sucumbiram vitimas da tragédia. Quanto aos tupamaros, era frequente eu ouvir das pessoas o respeito ao caráter e até ideologia do movimento sem todavia simpatizarem, de forma alguma com suas ações armadas.
A Primeira Derrota do Brasil


Aquela noite, a senhora de Fito causou-me certa estranheza, dessas intuições nada boas com ares premonitórios. Havíamos terminado de jantar em sua casa e seus filhos estranhamento mais silenciosos que o habitual viram sua mãe enrolar o cachecol ao redor do pescoço de seu marido. Parecia uma cena familiar amável e corriqueira se não fosse aquele olhar terno ao extremo e as feições de desanimo dos filhos. Fito levou-me ao Club Banco onde eu residia, entretido com a nossa conversa, mas tossindo de forma continuada. Conversamos, como sempre, de nosso assunto predileto rsrs futebol de salão rsrs. Ao ele observar minha confiança no futuro, lembro-me bem dessa frase, “na vida os obstáculos são agentes motivadores e você tem uma grande qualidade, consegue ser mais teimoso do que eu” rsrsrsrs. De súbito até mesmo a tosse deu tréguas. Ao despedir-me já quase de madrugada, indaguei preocupadamente sério ' Estas bien Don Fito?? ”Um leve sorriso "Uns problemitas de salud, cosa temporária, pronto me recupero. Adios joven, buen viaje mañana y saludos de mi parte a mama y papa ".
No sulamericano de 1979 o Brasil levou uma jovem seleção e alguns atletas mais experientes, por motivos de saúde não puderam estar presentes. A CBFS recém criada devido a uma ruptura com os antigos dirigentes do Rio de Janeiro desejosos de extinguir a FIFUSA e filiar-se a FIFA como um departamento do futebol 11, debutava em uma competição internacional. Apesar de o Brasil haver sido campeão, a boa equipe uruguaya derrotou por 2x1 tentos a essa formação brasileira. Bastava uma vitoria simples contra a Argentina a qual estava ocorrendo ate um minuto antes do termino do jogo quando os argentinos lograram empatar. Uma partida extra decidiu o título, desta feita vencida pelo Brasil por 2 x 0.
O Telefonema


Zego, é o Chopo chamando do Uruguay. Apressei-me em atender a chamada com certo pressagio nada bom. O amigo Rolando com voz emocionada transmitiu-me a notícia inesperada da morte de Fito provocada por um edema pulmonar. Nunca soube dizer nesses momentos palavras de conforto. Simplesmente fico de certa forma anestesiado ante esse momento de dor. Ao cabo de uns dez dias recebi um recorte de um jornal Montevideano onde um colega de Figueiroa fazia-lhe uma homenagem em uma coluna. Qunado en el cielo pasen lista assinalava o cabeçario da matéria.

Dizem que ninguém é insubstituível. Essas afirmações formatadas nem sempre correspondem a realidade dos fatos. Com sua morte o salonismo uruguayo nunca mais voltou a ser o mesmo. O projeto das categorias menores, a preparação e organização das equipes nacionais, os campeonatos internos, as viagens ao Brasil, tudo isso não teve mais continuidade. Todos os sonhos vieram abaixo com sua morte. No plano internacional, 9 anos apos o desaparecimento de Fito ocorreu o que ele mais temia para o futuro de nossa modalidade. A retirada do Brasil e Espanha da FIFUSA, iniciando um processo de desintegração que nos levou aos dias negros de hoje em dia dentro da FIFA.
Em minhas lembranças do grande amigo não posso desconectar seu rosto, sua figura, com o seu profundo amor a cidade de Montevideo. Passam-me recordações de nossos encontros no velho mercado do Porto conversando assuntos de nosso interesse saboreando um vinho médio a médio com um sandwich de chorizo, dos bares típicos pela cidade antiga que tanto apreciava, a rambla com a visão do mar de águas doce e salgada, dos passeios e encontros, reuniões, do majestoso Casino, dos clubes a beira mar de Pocitos, Punta gorda y Carrasco, dos clubes de bairro de gente tão hospitaleira. Uma vez retornei anos mais tarde a essa cidade e tentei reviver o sentimento que esses lugares me produziam quando estava com Fito. Foi inútil, sem ele, as ruas de Montevideo me davam a sensação de vazias, sem alma, sem vida. Apenas saudades e nada mais. Que Deus o guarde para sempre.


FIM

setembro de 2009

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